A Prova Cosmológica
Premissa 1: Tudo que começa a existir tem uma causa.
Justificativas:
Princípio da Razão Suficiente (Leibniz):Nada acontece sem uma razão suficiente para ser de uma maneira e não de outra. A existência de qualquer entidade ou evento contingente (que pode ou não existir) exige uma explicação causal.
Experiência Empírica Universal: Toda a nossa observação científica e experiência quotidiana confirma este princípio. Fenômenos naturais—desde o nascimento de uma estrela até a formação de um ser vivo—sempre têm causas identificáveis ou investigáveis. Não há um único exemplo verificável de algo surgindo ex nihilo (do nada). A ciência, na verdade, opera sob a pressuposição de que todo evento tem uma causa que pode ser descoberta.
Premissa 2: O universo começou a existir.
Evidências:
Evidência Científica - O Teorema BGV (de Borde, Guth e Vilenkin) demonstra que qualquer universo que está em expansão deve ter um início temporal absoluto. Este teorema aplica-se mesmo a cenários de multiverso ou universos cíclicos, indicando que toda a realidade física teve um começo.
Infinitos Reais - Impossibilidade de um Passado Infinito: A ideia de um universo com um passado infinito leva a absurdos lógicos.
Paradoxo de Hilbert (Hotel Infinito): Um passado infinito significaria que uma série infinita de eventos já teria ocorrido. No entanto, é impossível atravessar uma série infinita de momentos para chegar ao presente. O presente nunca seria alcançado. O fato de termos chegado ao "hoje" prova que o passado é finito.
Infinitos Reais são Impossíveis: Um infinito real (em oposição a um infinito matemático teórico) leva a contradições, como a ideia de que poderiam existir infinitas pessoas ou infinitos eventos, o que é metafisicamente impossível.
Entropia - A Segunda Lei da Termodinâmica (Entropia): estabelece que a energia utilizável em um sistema fechado está sempre a diminuir (a entropia sempre aumenta). Se o universo fosse eterno, toda a energia utilizável já teria sido dissipada há um tempo infinito, resultando em uma "morte térmica" universal e um estado de equilíbrio total. O fato de ainda existir energia utilizável é uma prova de que o universo não é eterno no passado, mas teve um começo finito.
Conclusão: Portanto, o universo tem uma causa.
Dadas as premissas—(1) tudo que começa a existir tem uma causa e (2) o universo começou a existir—segue-se necessariamente que o universo tem uma causa.
A natureza do próprio universo (o efeito) permite-nos deduzir as propriedades necessárias de sua causa:
Incausada e Eterna: Se tudo que começa a existir precisa de uma causa, então a causa do universo não pode ter começado a existir. Ela deve ser incausada e eterna (não criada).
Atemporal e Não-Espacial: O tempo e o espaço são propriedades do universo. Como a causa originou o próprio tempo e espaço, ela deve existir independentemente deles. Portanto, a causa é atemporal (existe fora do tempo) e não-espacial (existe fora do espaço).
Imaterial: Matéria e energia são partes do universo. A Causa deve ser não-física.
Pessoal (Consciente e Volitiva): A causa deve ser um agente pessoal. Um evento temporal (o início do universo) só pode surgir de um estado atemporal através de um ato de vontade livre. Apenas uma mente (um agente pessoal) pode realizar uma escolha livre sem ser compelida por condições ou causas prévias (que não existiriam num estado atemporal).
Identificação com Deus
Onipotência: Possui o poder de gerar toda a realidade física a partir do nada (ex nihilo).
Soberania e Liberdade: A decisão de criar foi um ato de livre vontade, não compelido por qualquer necessidade ou condição externa (Elas não existiam).
Transcendência: Existe além e independentemente(espaço, tempo e matéria).
Objeções e Respostas
Objeção: "O universo poderia ser sua própria causa!"
Contradição: Para ser causa de si mesmo, o universo precisaria existir antes de si mesmo, a fim de causar a sua própria existência, o que é impossível.
Objeção: "A causa poderia ser um fenômeno natural desconhecido!"
Erro conceitual. "Fenômenos naturais" são, por definição, parte do universo físico (natureza). A causa do universo não pode ser uma parte dele, deve ser transcendente (externa à natureza).
Objeção: "E se o tempo for cíclico?"
Irrelevante: Mesmo um universo com ciclico ainda exigiria um início absoluto, conforme demonstrado pelo Teorema BGV. Um ciclo infinito no passado enfrenta os mesmos paradoxos de qualquer passado infinito.
Em Resumo
Concluindo que o universo começou a existir, a única explicação coerente é uma causa transcendente, imaterial e pessoal, que por definição, chamamos de Deus.